Negócios

Por que oferecer recursos em abundância pode ser contraprodutivo para a sua equipe?

Por muito tempo, se acreditou na psicologia que restrições sempre impuseram uma grande barreira contra a criatividade. Pessoas que realizam traba...

Por Francis Trauer - Dia 04 de Apr de 2017 às 18:04

Por muito tempo, se acreditou na psicologia que restrições sempre impuseram uma grande barreira contra a criatividade. Pessoas que realizam trabalhos repetitivos e manuais ou que trabalham para superiores que detém um controle muito grande sempre usaram esta argumentação, porém esta pode ser uma visão incompleta.

A psicóloga Patricia Stokes da Universidade de Colúmbia conduziu um experimento com roedores em 1993 no qual eles precisavam pressionar uma barra com suas patas direitas. O que ela descobriu foi que, eventualmente, além deles terem que se adaptar com esta restrição, descobriram como pressionar a barra de várias maneiras com o uso dos seus membros. Tal acontecimento chegou a ser chamado de uma pequena criatividade.

Para a Fast Company, o escritor Scott Sonenshein escreve que o ser humano tem uma tendência a acreditar que a criatividade é algo puramente artístico e muito abstrato, mas na verdade se trata de conseguir com que as coisas do dia a dia sejam feitas.

“É o gerente que encontra uma nova oportunidade no mercado ao tentar lançar um novo produto, é o designer que encontra uma forma mais rápida de entregar seus trabalhos ou até mesmo a faxineira pensando em como limpar o mesmo espaço de trabalho com menos esforço, A restrição também nos faz melhorar nosso desempenho, ela nos pressiona." — afirma o escritor

Teste científico

Sonenshein explica ainda que em 2015, Ravi Metha e Meng Zhu da Universidade de Illinois fizeram um exame no qual contrastavam quão criativas eram as pessoas ao ter recursos abundantes ou extremamente escassos.

Eles realizaram cinco experimentos com 60 participantes que foram divididos em dois grupos: um com recursos e outro sem. O objetivo era resolver um problema que a universidade estava enfrentando: haviam 250 folhas de plástico-bolha que sobraram da última reforma do laboratório de informática e os dois grupos deveriam encontrar formas úteis para trabalhar com este material.

Com a ajuda de 20 juízes que não sabiam quais pessoas pertenciam cada grupo, o resultado obtido foi que as pessoas que trabalharam com escassez de recursos conseguiram formas muito mais criativas para dar conta do excesso de plástico-bolha. Mas por quê? Metha e Zhu concluíram que a criatividade é um aspecto situacional e não uma habilidade inata ou um traço de personalidade das pessoas.

É o ambiente e as fichas que temos à disposição que nos faz se comportarmos de determinadas maneiras. Quando há escassez de recursos, as pessoas precisam pensar mais em formas de solucionar um problema, afinal elas não têm saída. Enquanto isso, abundância de recursos pode ser contraprodutivo, uma vez que os problemas são mais gerenciáveis e as pessoas tendem a buscar soluções já conhecidas em suas memória, uma vez que esta flexibilidade nos permite a escolher caminhos com menores resistência para conservar a energia mental. É puro instinto.

Porém, com restrições isso é o oposto, há uma grande energia mental dedicada a buscar boas ideias. Talvez por isso o brasileiro seja conhecido como um dos povos mais inventivos do mundo, pois sempre temos que dar uma de MacGyver e aprender a apagar incêndios enquanto bolamos novas estratégias.

Fonte: Fast Company

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